Terça-feira: Manaus - Rorainópolis
12.04.2011
E lá fomos nós. Bem, não tão depressa: na segunda-feira queríamos ter ido com a moto para o CMA, para que o pessoal do Haroldo pudesse vê-la. Como estava chovendo fomos de carro, e para não faltar completamente com esse compromisso antes de pegar estrada passamos novamente no CMA.
Infelizmente a banda tinha compromisso nesse dia e só poucos membros estavam lá. Mesmo assim conversamos mais um pouco, o pessoal tirou um monte de fotos, e finalmente nos despedimos do Haroldo. Uma despedida cheia de emoção e gratidão pela espetacular acolhida que tivemos e que vai para a lista de coisas maravilhosas que nos acontecem nessa viagem.
E ainda tivemos direito a escolta até a estrada: um dos companheiros do Haroldo apareceu com sua Shadow 750 e nos levou até a saída de Manaus.
Quase duas semanas depois estávamos de volta à estrada. Tivemos que nos reacostumar à essa parte da rotina, mas a viagem começou muito bem. Até Presidente Figueiredo a estrada é excelente, depois piora um pouco, mas nada que comprometa a tocada. Chegando à reserva indígena dos Waimiri-Atroari aparece um trecho de uns 500 metros bem ruim, mas dentro da reserva a estrada está boa. Sem sinalização de solo, mas como é proibido transitar nela depois das 18h isso não chega a ser um problema. Quer dizer, para nós, motoristas comuns, pois ônibus e caminhões continuam trafegando.
São 125 quilômetros onde não se pode parar, fotografar ou filmar - não tenho certeza como é controlado e o que acontece se fizer qualquer dessas coisas, mas tratamos de obedecer.
Duas coisas aconteceram durante esse trecho que acabaram ficando sem registro: saímos do Estado do Amazonas e entramos em Roraima sem ver nenhuma placa alusiva que pudéssemos pensar em fotografar.
E completamos os primeiros 5.000 quilômetros rodados nessa viagem. Ainda não sabemos como lidar com essa questão da quilometragem nos nossos registros. Tudo bem, de estrada, marcada no odômetro, só chegamos aos 5.000 quilômetros nesse trecho, mas aí não está incluída a ida a Marajó nem a viagem Belém - Santarém - Manaus. Ainda não sabemos se e como incluiremos as distâncias desses trechos em nossas planilhas.
No fim da reserva novamente um trecho ruim de estrada, antes e depois de Vila Jundiá, onde paramos para comer um salgadinho e descansar um pouco. É isso mesmo, comemos uma coxinha de frango e algo mais que não lembramos e estamos vivos até hoje.
Quando saímos de Jundiá comentei com a Beth: "estranho, por que essa condição de estrada nas duas pontas da reserva?". Eu não sabia o que nos esperava: de Jundiá a Rorainópolis são 140 quilômetros de não-estrada! A viagem é praticamente feita em segunda e terceira marchas, às vezes chegando à quarta, e mesmo assim arriscando seriamente as rodas da moto porque alguns buracos a gente só conseguiria evitar se estivesse andando a 20 km/h. Levamos 2h15 para percorrer esses 140 km., e como eu disse essa velocidade já foi um pouco acima do realmente prudente e seguro.
Teoricamente é possível viajar em um dia de Manaus a Boa Vista, como mencionaram alguns companheiros na feijoada do Almas Livres, mas francamente é uma empreitada que não gostaríamos de empreender, principalmente depois do dia seguinte a este.
Ah, e também choveu em algumas partes desse trecho antes de passarmos, de modo que não nos molhamos mas fomos devidamente cobertos de barro, tanto dos pneus da própria moto como de alguns malucos que passavam por nós sem a menor preocupação com os buracos e, claro, espirravam um monte de barro.
Quando chegamos ao hotel em Rorainópolis havia três rapazes lavando aparelhos de ar condicionado, e aproveitamos a lavadora de pressão que eles estavam usando para dar uma lavada, não só na moto, mas também em nossas botas e calças, removendo grande parte do barro.
A cidade de Rorainópolis é daquelas paradas que seria preferível evitar, mas a alternativa (seguir direto, pois não há lugar melhor ou mesmo equivalente para parar) é pior ainda. Mas deu para jantar e dormir razoavelmente.