Destino Alasca

Sexta-feira: Barinas - Mérida

29.04.2011

 
Grande mudança: pode ser que hoje puxemos o cobertor para dormir: depois de sessenta dias lutando com aparelhos de ar condicionado barulhentos e mal posicionados (soprando diretamente em cima da cama) porque sem eles era muito difícil dormir, estamos numa temperatura suficientemente baixa para pensar em usar o cobertor.

Mas antes disso fizemos uma viagem que deu para dar uma arredondada nos pneus: foi a primeira serra de verdade da viagem. A estrada é uma Serra do Rio do Rastro, tanto em largura com em variedade e tipo de curvas. Também os precipícios e as proteções laterais baixas são similares - as proteções aqui são até mais preocupantes que as da SRR. E o tráfego também é parecido: caminhões e ônibus, sendo que os ônibus são essas coisas típicas daqui.

Mas há algumas diferenças: sua extensão (até Mérida, não sei como continua) é de 135 km. - isso mesmo 135 km de curvas. Durante esse trajeto ela sobe até quase 4.000 metros de altitude para descer aos 1.600 onde fica Mérida.

Ao longo desses 135 km há um número razoável de desbarrancamentos, o mais feio deles levou quase a estrada toda. E a variedade de cenários também, pois nesse sobre e desce a estrada entra e sai de vales lindos, que poderiam muito bem estar nos Alpes. Infelizmente a estrada estreita, com tráfego bem pesado, impediu fotos realmente boas: éramos obrigados a fotografar em movimento, e não deu muito certo.

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Começa o...  
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...cenário de serra  
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A estrada praticamente sumiu  
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Pessoal lutando para consertar a estrada  


Foi de longe o trecho mais lento da viagem (4h40 para 165 quilômetros), mas mesmo assim um dos mais prazerosos. É uma estrada realmente linda, contando inclusive com alguns vilarejos com hotéis de nível muito bom. Se tivéssemos sabido disso não teríamos parado em Barinas: com mais duas horas de viagem teríamos chegado a Santo Domingo, onde começa a série de povoados com opções interessantes de hospedagem. Certamente teria tornado essa sequência de dias bem mais agradável.

Aliás, tentar acompanhar o nome desses vilarejos é uma tarefa impossível: muitas vezes víamos uma placa com um nome e na curva seguinte já aparecia outra placa. Como é que é isso? Um vilarejo composto por seis casas?

Outra coisa totalmente inesperada foi a quantidade de locais que anunciavam café moído lá mesmo. Na realidade eram casas onde torravam e moíam o café colhido em pequenas plantações ao longo da estrada. Parece que o café colombiano 'contaminou' essa região da Venezuela - encontramos um pé de café até mesmo em pleno centro de Mérida.

Esses detalhes todos realmente faziam pensar em estâncias turísticas de montanha, e conforme avançávamos mais pensávamos que encontraríamos uma Campos do Jordão ou Gramado em Mérida.

Que decepção!!! Amanhã vamos ver se há algo mais interessante, mas o que vimos hoje da cidade é a mesma sujeira, pobreza arquitetônica e trânsito caótico de resto da Venezuela. Até o momento nossa impressão é que o estado de Mérida é muito bonito, sua capital totalmente dispensável do ponto de vista turístico.

E para completar, o que poderia ser um programa interessantíssimo está paralizado há três anos: aqui há um teleférico de 12,5 quilômetros de extensão, que sobe até mais de 4.000 de altitude. Infelizmente também não será possível curtir essa opção. Mas pelo menos almoçamos uma belíssima truta na manteiga - truta é o que não falta por aqui.

Mas vamos esperar até amanhã para ver se nossa opinião muda. Por enquanto vamos dormir com a cabeça no pé da cama: acabamos de descobrir uns pregos soltos no estrado, e optamos por dormir desse jeito e deixar as reclamações para amanhã.

Quase íamos esquecendo: dos muitos carros que nos 'seguraram' ao longo dessa estrada, o último, na chegada a Mérida era... uma Brasília! Vimos muitos Corcel II e algumas Brasílias entre as velharias daqui.
 
 
 
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