Destino Alasca

Segunda-feira: Mérida - Trujillo

02.05.2011

 
Conversando com Markus, o proprietário da Casa Allemana Suiza no domingo, ele nos havia indicado o caminho para Trujillo como uma volta de mais ou menos dois terços do caminho realizado na sexta-feira e depois a passagem pelo passo mais alto da Venezuela: o Paso del Condor, a mais de 4.000 metros de altitude.

Estávamos com esse plano na cabeça, mas hoje no café da manhã perguntamos a ele se não havia outro caminho - não estávamos morrendo de vontade de enfrentar o frio e as prováveis nuvens que encontraríamos no passo: já é difícil tourear esses motoristas venezuelanos com visibilidade total, no meio de neblina é demais para nossa saúde.

A serra de Mérida para El Vigia  
O companheiro não é nada modesto  
Rio Chama nos acompanhou até El Vigia  
O túnel mais longo.  














Markus disse que certamente havia outra estrada, por El Vigia, que na realidade é a estrada preferencial, por ser mais larga e com curvas amplas, permitindo o trânsito de ônibus e caminhões de grande porte que nem conseguiriam trafegar na estradinha de Barinas.

Pegamos esse caminho e foi muito bom: por mais bonita que seja a estrada de Barinas, era mais interessante viajar por uma nova estrada. Além disso, tivemos a oportunidade de ver a Mérida mais moderna, com condomínios, shopping centers e outros detalhes que nos ajudaram a ter uma impressão mais completa e menos preconceituosa da cidade. E, finalmente, foi realmente uma viagem mais confortável, apesar de alguns pontos complicados ao longo do trajeto.

Primeiro a estrada literalmente despenca morro abaixo, e em aproximadamente cinquenta quilômetros estávamos no nível da sabana que é a área não-andina desse lado da Venezuela. Esse trecho é muito bom, com pistas largas e terceiras faixas nas subidas. Só há um probleminha: uma sequência de três túneis, dos quais um tem quase um quilômetro e meio de extensão e outro quase três, totalmente às escuras. Felizmente os refletivos e as faixas da estrada são muito bons, porque senão teria sido muito complicado atravessar esses túneis.

Deslizamento  
Artesanato também tem seu lugar  
Trecho podia ser num parque  
Esse deslizamento foi feio  


Uma coisa meio maluca que vimos nesse trecho (e só nele) e para a qual não temos explicação: ao longo da estrada havia tendinhas (como outras tantas em todas as estradas) vendendo papel higiênico!!! E os carros paravam para comprar, normalmente um número grande de rolos.

Falando em coisas que se vendem na beira da estrada, uma das que mais chama a atenção são lubrificantes: por todo lado, fora e dentro das cidades, vende-se aceite. Está certo que esses carros velhos devem consumir quase tanto óleo quanto gasolina (pelo menos é isso que sugerem as manchas em todas as vagas dos estacionamentos de postos, restaurantes e shoppings), mas mesmo assim é muito lubrificante à venda.

De El Vigia em diante a estrada fica mais lenta, mas ainda assim relativamente rápida, e assim seguimos até o estado de Trujillo. Mas antes passamos por um ponto onde ocorrera um desbarrancamento grande, e o trânsito estava parado para que uma escavadeira limpasse a estrada. Avançamos até o início da fila e o policial que estava controlando o trânsito mandou que seguíssemos em frente. Seguimos seu comando e avançamos até estarmos a uns dez metros da escavadeira, que continuava girando para lá e para cá com aquela pazona, sem tomar o menor conhecimento de nós.

E a escavadeira não nos deixava passar  
Vendedor de lubrificantes  
E isso anda, e em estradas  
Foto de cima da moto, passando ao lado  


E cadê coragem para passar. Ficamos ali esperando que o operador da máquina fizesse uma pausa ou chegasse um pouco para o lado (foi o que acabou acontecendo) para podermos passar. E enquanto estávamos parados ali 'admirando' a escavadeira, mais terra escorregou ao lado dela - que sensação ruim!

Chegando ao estado de Trujillo não tínhamos mapa e fomos navegando por instinto - que até que tem funcionado mais ou menos. Paramos para perguntar como chegar a Trujillo (a cidade - estamos enfatizando isso porque foi o que o perguntado nos disse: "vocês já estão em Trujllo, querem saber como chegar à cidade?") e fomos corretamente orientados.

O problema aqui na Venezuela é que os critérios para colocação de placas indicativas são completamente insondáveis. Às vezes chega-se a trevos (distribuidores) e saídas sem nenhuma placa, e quando as há, uns cem metros depois aparece uma bifurcação sem a menor indicação. E agora? Felizmente os venezuelanos são extremamente prestativos, e nunca paramos para perguntar sem receber uma resposta pelo menos parcialmente útil.

Mas enfim chegamos a Trujillo, depois de percorrer uma estradinha secundária bem estreita e mal cuidada. Aí procurar hotel foi uma novela: depois de uma rodada pelo centro sem ver nenhum paramos para perguntar e nos deram uma indicação genérica sugerindo que perguntássemos de novo mais adiante. Demoramos umas quadras demais para fazer isso, e pagamos um preço bem alto: começou a chover, e enfiados no centro daquela cidade levávamos uns bons cinco minutos para dar uma volta na quadra e corrigir o rumo tomado erradamente.

Mas no final chegamos ao Hotel Country, e quando o vimos comentamos que ficaríamos ali de qualquer maneira, pois já estávamos bem molhados. O hotel tinha jeitão de caro - e realmente foi o melhor hotel em que ficamos na Venezuela. E ao mesmo tempo o mais barato!!! Que agradável surpresa. E ainda por cima tinha restaurante, o que resolveu nosso problema de alimentação sem necessidade de sair novamente.

Um comentário político para finalizar: quem acha que Lula é populista e que se desenvolveu um culto de personalidade em torno dele, precisa vir aqui. O Chaves está em toda parte, se apresenta como responsável por tudo que acontece de bom, tem programa de televisão que parece Silvio Santos, etc. O lulismo é aprendiz perto disso aqui.
 
 
 
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