Domingo: Cartagena
15.05.2011
Antes de mais nada, até alguns instantes após a partida ainda não havíamos percebido que o tal Fritz nem estava a bordo: Roland era o capitão do barco (contratado dois meses antes para isso) e Jose, um panamenho, era marinheiro e cozinheiro - aliás muito bom!
Durante toda a viagem nos divertimos com aquele gigante de mais de dois metros de altura se contorcendo para se mover pelo barco. Até que o Roland é ágil e flexível!
Nós, felizmente, havíamos reservado uma cabine com banheiro próprio e com espaço razoável para um barco daquele tamanho. Essa opção foi importantíssima porque o tal de Fritz é profundamente ganancioso, e só não pendura passageiros nos mastros porque não dá: no site do barco há um esquema mostrando que dentro da cabine há uma mesa com assentos formando um "U" em torno dela, além da mesa no convés externo. Que dera! A tal mesa foi convertida numa 'camona' onde dormem três ou quatro pessoas uma ao lado da outra. No total éramos 15 passageiros: cinco pilotos de moto mais a Beth, e nove 'pedestres'. Para quatro desses passageiros havia dois banheiros - as duas cabines com banheiro privativo - e os demais onze tinham que compartilhar um banheiro.
Isso sem contar que com essa multidão a bordo não havia lugar para as mochilas, não havia mesa para todos nas refeições, enfim, era um senhor aperto. O tamanho do aperto fomos percebendo ao longo da viagem...
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Finalmente vemos Fritz the Cat de perto |
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Pronto para carregar as motos |
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As primeiras duas já foram |
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Agora vai a jamanta |
Partimos só com motor, o que não nos surpreendeu, mas quando saímos da baía de Cartagena a vela principal foi içada... e o motor continuou funcionando. Explicação: aquilo era uma viagem comercial, com início e fim definidos, e como os ventos não estavam bons o motor proporcionaria a velocidade necessária para atender ao cronograma. Que veleiro barulhento!
Começamos a tomar mais contato com o barco e seus passageiros, enquanto o Jose cuidava de preparar e servir o almoço. Do ponto de vista culinário foi uma viagem muito interessante, com pratos extremamente variados e muitas vezes surpreendentes, como no dia em que ganhamos panquecas com geléia ou açúcar e limão para jantar ou quando foi servida comida austríaca. Não podemos nos queixar dessa parte - só o peixe que o pessoal pescou e que foi comido no último dia é que não estava grande coisa, mas foi o que o Jose conseguiu fazer com a matéria prima disponível.
Além do australiano, três canadenses e nós, havia um cara com jeito de filipino, nacionalidade norueguesa e que morava nos EUA, um casal neozelandes, um suiço, um alemão e duas americanas e duas inglesas. Uma mistura e tanto...
Não havia muito o que fazer no barco, e com o aperto que aquilo estava nem um lugar minimamente decente para trabalhar no notebook havia. Era basicamente conversar com os outros, comer e dormir. Essa última parte se revelou um tanto problemática nessa primeira noite: nossa cama ficava na parte da frente da estrutura que liga os dois cascos do catamarã. A grande qualidade do catamarã é que ele não 'rola', mas descobrimos que aquela 'ponte' que liga os cascos é um excelente lugar para as ondas se encaixarem e explodirem contra a fibra de vidro. Havia momentos em que tínhamos a impressão que a pancada levantava o colchão!
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Força, Roland, falta pouco |
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Finalmente as... |
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...duas últimas |
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O capitão Roland e alguns passageiros |
E para completar começou a chover durante a noite, o que primeiro nos acordou com toda a atividade de recolher velas e depois nos deixou com um calor miserável, pois tivemos que fechar todas as escotilhas da cabine.
Ah, mas não podemos esquecer o lindo pôr-do-sol e a lua maravilhosa que tivemos nesse dia! Olhar e fotografar esses fenômenos foram momentos muito bonitos do dia.