Terça-feira: Arquipélago de San Blas
17.05.2011
Acordamos muito cedo, ainda com o sol nascendo, devido a dois eventos: os motores pararam - que silêncio! - e a âncora foi baixada - o motor ficava diretamente por cima de nossas cabeças quando deitados na cama - que zoiera!!!
Isso era indicação de que havíamos chegado a San Blas, e tratamos de ajoelhar na cama e esticar os pescoços para olhar pelas escotilhas por cima da cama. Ainda nem dava para ver direito, mas a silhueta daquela ilha recortada pelo sol nascente foi a primeira recompensa pelas quarenta horas anteriores.
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Onde o Rossy foi se esconder |
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Uma das ilhas iluminada pelo sol poente |
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Olhem, nós estávamos mesmo lá! |
San Blas completou essa semana: em menos de sete dias vimos dois lugares simplesmente maravilhosos: Cartagena e essas ilhas. Da mesma forma que Cartagena, é difícil descrever ou fotografar de forma a realmente mostrar toda a beleza.
Roland ancorou o barco bem no meio de duas ilhas, uma delas com uma praia branquinha em toda a volta e a outra mais selvagem, mas era lá que se encontravam os recifes de coral e os peixes mais interessantes.
Depois do café todo mundo catou pés de pato e snorkel e saiu para a água. Nós fomos primeiro até a ilha, fazer algo que nos faltava muito: saímos caminhando e demos a volta toda na ilha - nenhuma proeza, pois como em grande número das ilhas de San Blas, essa volta leva no máximo uns vinte minutos.
Voltamos para a água e fomos 'passear' em torno do barco para ver o que nos reservava o fundo do mar. A profundidade é pequena, em alguns lugares é até necessário tomar cuidado para não se machucar no coral quase à flor da água. Muita coisa bonita, que o Derrick (um dos canadenses de moto) documentou com sua câmera à prova d'água - colocamos uma amostra aqui.
Um momento marcante por mostrar um pouco da cultura do povo local foi quando o alemão que viajava conosco voltou nadando da ilha com um côco. O Roland deu-lhe uma senhora bronca: os Kuna, indígenas que têm total controle sobre o arquipélago, dependem muito deles para alimentação e artesanato. Ele disse ao alemão que se um Kuna visse aquele côco a bordo ele nunca mais poderia parar no arquipélago. Pode ter exagerado um pouco, mas catar côcos (praticamente a única coisa que existe lá) em San Blas é realmente proibido!
Ficamos o dia inteiro ali, apreciando a paisagem e a água. À tarde voltamos por uns instantes para a água, como que para nos despedirmos de toda aquela beleza. E o mais maravilhoso é o silêncio! Mesmo com mais de dez pessoas por perto, era perceptível a total ausência de sons - a água é quase parada, não faz ondas, pássaros são poucos e animais aparentemente inexistentes nas ilhas.
No fim da tarde, sentados no convés do barco olhando para as ilhas, procurávamos uma forma de descrever esse festival de palmeiras, e acreditamos ter encontrado algo: essas palmas, como que explodindo no topo das árvores, são os fogos de artifício da natureza!
Essa noite foi especial: silêncio absoluto, poucas vezes dormimos em algum lugar tão quieto.