Domingo: Playa Hermosa - Granada
30.05.2011
E nesse dia cruzamos a fronteira com a Nicarágua. Essa foi outra razão para escolher Playa Hermosa como ponto de parada: em menos de duas horas estávamos na fronteira.
A saída da Costa Rica é tranquila, só foi um pouco mais demorada por um erro crasso de planejamento: deixamos para cruzar na segunda-feira para evitar possíveis problemas de câmbio ou aduana fechada no domingo e o que aconteceu? Dia 30/05 é dia das mães na Nicarágua! Feriado, e mais gente que o normal cruzando a fronteira. Muitos nicas (assim se auto-denominam os nicaraguenses) moram e trabalham na Costa Rica.
Cuidado: trocamos os colones (moeda costa-riquenha) restantes por córdobas (Nicarágua), o que não é um problema: mesmo com câmbio ruim, é uma forma confortável de se livrar do restinho de dinheiro do país do qual se está saindo. Mas o cambista, com o argumento de que não haveria câmbio na Nicarágua por causa do feriado, me convenceu a trocar também alguns dólares para ter mais dinheiro local. Completamente desnecessário: a maioria das taxas cobradas pela Nicarágua na entrada
têm que ser paga em dólares, e as poucas em córdobas
podem ser pagas em dólar.
A entrada da Nicarágua chega a ser assustadora: primeiro uma quantidade inacreditável de caminhões que literalmente escondem os edifícios que temos que procurar. E para completar há um verdadeiro enxame de tramitadores que querem a todo custo te ajudar com a burocracia. Esses até que dá para afastar sem muito trabalho: quando eles percebem que se fala espanhol o assédio diminui.
Vamos ao procedimento: primeiro tem que se fazer a fumigação da moto - não sabemos contra que, mas tem que ser feito. E para isso é necessário pagar a primeira taxa: C$ 67 ou US$ 3. De lá segue-se para a imigração. Se houver fila, um conselho: tente evitar a fila onde há estrangeiros como nós. Os locais passam relativamente rápido, mas os estrangeiros têm que pagar US$ 14,00 de taxa de entrada e isso leva tempo (coleta e troco do dinheiro e preenchimento de recibo pelo funcionário).
Pronto, nós entramos no país! Agora falta a moto. Primeiro, depois de preencher um formulário de aduana muito parecido com o que preenchemos quando voltamos ao Brasil, este tem que ser assinado por um fiscal que olha a moto e, eventualmente, a bagagem (não foi nosso caso). Esse funcionário cuida de carros, motos e pedestres com bagagens imensas, e não é fácil conseguir sua atenção.
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Por todo lado, se não é vulcão, parece |
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Fila de caminhões na aduana |
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Vulcão Concepción, na Ilha Ometepe |
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Vulcão Maderas, na Ilha Ometepe |
Uma hora consegue-se passar por essa etapa e agora é preciso fazer o seguro da moto (US$ 12,00) e pagar uma taxa de circulacion (??): US$ 5,00 (pode ser paga em córdobas). Agora é necessário coletar mais uma assinatura no formulário de aduana, mas para nós isso foi fácil: o policial responsável estava sentado na frente dos escritórios onde fizemos o seguro e circulacion.
Não acabou não: agora é que se vai tirar a permissão de importação temporária do veículo. Isso é feito em outro prédio, uns 100 metros afastado. O procedimento já é ridículo: há duas funcionárias sentadas lado a lado, cada uma atendendo a uma 'janelinha'. Entra-se na fila, entrega-se os documentos à primeira, que faz lá seus procedimentos e nos devolve os documentos para que entremos na fila ao lado para obter os carimbos finais da segunda funcionária. Não perguntem por que uma não pode passar os papéis para a segunda!
Mas tudo isso depende, é claro, das funcionárias estarem presentes. Quando cheguei ao guichê elas estavam em pausa de almoço, e a espera foi de uns vinte minutos. Ah, mas finalmente estávamos com o famoso papel. Partimos, e fomos obrigados a voltar porque mais uma vez fui desatento: o número da chapa da moto estava errado! A correção até que foi rápida e pudemos realmente partir, não sem antes pagar mais US$ 1,00 por pessoa de uma taxa local do município.
Temos sérias dúvidas se essa taxa realmente existe, mas estávamos cercados por dois ou três indivíduos de uniforme, e até recebemos um recibo pelo pagamento. E depois de três horas (total para os dois lados) saímos da aduana e realmente entramos na Nicarágua. Essa entrada também tem seus problemas: a estrada é estreita e sem acostamento, e forma-se uma fila de caminhões aguardando passagem pela aduana. A gente vai pilotando e torcendo para que não venha nenhum carro no sentido contrário, pois dificilmente haverá espaço para ele e a moto no que sobra da estrada.
Mas não aconteceu nada e tocamos para Granada - uma viagem tranquila de uma hora e meia em estrada calma e bem pavimentada. Só as escolas e vilarejos continuam diminuindo a velocidade.
A entrada em Granada é para variar meio caótica, e fomos apanhados de surpresa por uma expressão coloquial: pedimos informações sobre como chegar ao centro e a senhora disse que pegássemos uma certa rua até o alto e virássemos à direita. Ficamos confabulando como reconheceríamos ter chegado ao alto da rua, até que percebemos que deveríamos procurar pela placa de Alto, que é a nossa placa de Pare (hexágono vermelho).
Percebemos depois em outros países também que o pessoal usa essas placas como referência: siga por essa rua até o terceiro alto.
Tínhamos o nome de uma pousada, mas fomos interceptados por um agenciador de outra. Insistimos em olhar primeiro a 'nossa', mas decidimos tentar outra coisa e acabamos ficando na pousada 'dele'. Simples, mas agradável e simpatica, a começar pelo detalhe da arrumação das toalhas na cama.
Ah, uma loucura de Granada são os endereços: não se usam números, e sim referências em relação a outros logradouros como ruas ou prédios públicos. O exemplo mais maluco que encontramos foi um local que procuramos para tomar café da manhã: o endereço era "Terminal de ônibus para Manágua, meia quadra ao sul e meia quadra a oeste". Ou seja, o tal terminal fica no meio de uma certa quadra (trate primeiro de descobrir onde fica o terminal). Agora, com uma bússola na mão, ande meia quadra (até a esquina) para o sul e dobre para oeste até o meio da quadra. Fácil, né?
Nos instalamos na pousada, onde nossa moto ficou guardada de forma um tanto inusitada: ela ficou na sala de entrada da pousada, e para chegar lá o pessoal da pousada colocou uma rampa de madeira no meio-fio para facilitar a subida no degrau bem alto que se forma nas calçadas. E fomos passear um pouco pelo centro histórico e almoçar. Granada é diferente de Cartagena ou Panamá: as construções e fachadas são bonitas, mas o charme real está no interior das edificações: praticamente todas têm um pátio interno, ajardinado e muitas vezes com uma fonte de água no meio. O ideal para curtir essa cidade é ficar entrando em cada hotel ou pousada para admirar seu interior, e ficar espiando para dentro das casas, cujas portas internas de madeira normalmente estão abertas, no máximo com uma porta de grade de ferro externa como proteção.
Comemos no calçadão (Calle la Calzada) onde se concentram os restaurantes da cidade. Há de tudo, mas como queríamos comer algo típico fomos parar no Comidas Típicas, y más... Bom restaurante, com uma grande variedade de opções de comida local.