Domingo: San Salvador - Juayúa.
05.06.2011
Diário de Bordo: San Salvador
Pouco depois das 9h00 estávamos no posto perto do hotel para encontrar o pessoal do motoclube. É um grupo que faz acrobacias com suas motos para fins beneficientes - bonito! Nesse dia eles participariam de um evento de rua promovido pela prefeitura.
Com o passar do tempo - a pontualidade é tão perfeita como no Brasil - foi se juntando uma boa galera, que acabou dando uma bela foto oficial e também um bonde de umas trinta motos.
O evento era basicamente uma festa de rua para a população do bairro e entorno, propaganda eleitoreira do prefeito! O pessoal fez suas demonstrações; interessantes, algumas bem ousadas para amadores, mas um pouco assustadoras pela quantidade de gente sem equipamento de proteção, a começar pelo capacete.
Ficamos por ali, conversamos com outros motociclistas, com alguns locais que vinham admirar a moto e passamos uma manhã agradável, conhecendo um pouco da gente de San Salvador. Terminado o evento um pequeno grupo dos Rebeldes nos acompanhou até um ponto fora da cidade de onde eles nos indicaram o caminho para Sonsonate e se despediram.
Sonsonate é o começo de um roteiro de uns 35 quilômetros conhecido como Ruta de las Flores. Nessa época havia poucas flores, mas deu para ver que deve ser muito bonito na época certa. Inicialmente pensávamos em ficar em Sonsonate, mas o pessoal dos Rebeldes disse que era uma cidade muito quente e sem atrativos, e que deveríamos seguir até Juayúa, mais alta e fresca e onde todo domingo se realiza um festival gastronômico.
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Com Los Rebeldes |
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Bonde salvadorenho |
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Uma das figuras do grupo |
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As motos no evento |
Primeiro nos perdemos irremediavelmente em Sonsonate - não sabemos se tomamos a entrada errada, mas andamos prá lá e prá cá sem encontrar uma única referência apontando a Ruta de las Flores. Foi só parar para perguntar, e depois de cinco quadras estávamos seguindo placas perfeitamente claras indicando o caminho. Coisas de quem anda sem GPS... E a pessoa que nos indicou deve ser motorista, pois ele nos desenhou um mapinha indicando inclusive as lombadas e pontes pelas quais passaríamos.
Finalmente chegamos a Juayúa, e realmente lá é mais fresco (nem tanto ao meio-dia) mas era impossível entrar na cidade por causa do tal festival gastronômico: é uma cidadezinha de uma praça e seis ou sete quadras em volta, e fecham todas as ruas em volta da praça.
Paramos na frente da primeira pousada que vimos, aliás, não vimos mas fomos 'atacados' por alguém indicando essa hospedagem, demos uma olhada e dissemos que queríamos dar uma olhada nas outras. A proprietária não só não reclamou como nos indicou detalhadamente as outras pousadas, descrevendo inclusive o que cada uma oferecia. Para azar dela uma delas nos agradou mais e acabamos nos instalando.
E fomos ao tal festival gastronômico almoçar. Muito pitoresco, um monte de opções de comida típica saborosa, mas festival é um pouco pretensioso, pelo menos para o que nós entendemos por isso. É uma grande feira de comidas, com pequenas barraquinhas servindo seus pratos. Uma possível analogia no Brasil seriam festas juninas (ou similares - do(a) padroeiro(a) do bairro) de rua. Difícil dizer se a higiene é a mesma, mas nossa impressão é que no Brasil as cozinhas são mais limpas.
Mas valeu a pena, comemos um prato que era um espécie de amostra de comidas típicas, pela enorme quantia de US$ 4,00. Para beber nos ofereceram um jugo de ensalada. Que seria isso? Pela descrição e cometendo o erro usual de interpretá-la pelo que conhecemos, achamos que seria uma espécie de vitamina - a ensalada era de frutas. O que recebemos foi um líquido que poderia ser água com açúcar (ou algum suco muito ralo de fruta) com pedaços de frutas boiando, como um ponche. Vivendo e aprendendo...
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Feira gastronômica |
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Balança pré-histórica |
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Yuca com mel, platano e atol de piña |
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Aventais típicos de vendedoras de rua |
De sobremesa comemos e bebemos uma combinação completamente maluca para nossos padrões: mandioca cozina e depois empanada (meio como empanado chinês) coberta de mel e banana cozida com calda também de mel. Estranho mas muito saboroso. E para acompanhar um atol de piña: uma bebida quente, grossa (quase uma sopa) à base de abacaxi, mas que devia ter mais alguma coisa que não conseguimos nem imaginar o que seja. Mas, mais uma vez, agradável surpresa!
Falando nisso esquecemos lá atrás de contar sobre uma bebida estranha a que fomos apresentados na Colômbia: agua de panela. Não tentem fazer imagens precipitadas: panela não é panela, é rapadura ou algo muito parecido. E a tal agua de panela é rapadura dissolvida em água, basicamente água com açúcar. Mas devido à cor da rapadura, o aspecto dela não tem nada de apetitoso (o líquido fica bem marron) e o gosto também não entusiasma muito. Mas o pessoal lá toma muito!
A cidade não é suficientemente grande para oferecer qualquer coisa em termos de passeio, de modo que voltamos para a pousada e trabalhamos um pouco no site. Ainda demos uma saída à noite para esticar as pernas e ver como era o movimento, mas por total falta do mesmo andamos umas três quadras e voltamos para a pousada, dando o dia por encerrado.