Segunda-feira: Juayúa - Cidade de Guatemala (GT)
06.06.2011
Saímos sem pressa de Juayúa, simplesmente rodando pela Ruta de las Flores rumo à fronteira com a Guatemala. Ficou novamente evidente que é uma estrada muito bonita, mas que nessa época do ano quase não tem flores. Um aspecto que dificulta um pouco apreciar essas regiões para nós brasileiros, é que quando se fala em cidades de montanha, com flores e coisas assim imaginamos Campos do Jordão ou Gramado e entorno. Esqueçam! Mesmo as cidades mais turísticas que visitamos até agora são no máximo parecidas com os bairros pobres dessas cidades brasileiras.
São apenas 44 quilômetros de Juayúa à fronteira, e em uma hora estávamos lá. Essa fronteira apresentou uma novidade nessa viagem: foi a primeira fronteira molhada que passamos. O rio Paz, não muito largo, é o divisor entre os dois países.
Esse tipo de fronteira tem suas vantagens: não há nenhuma dúvida de onde termina um país, e portanto em que ponto todos os trâmites têm que estar finalizados - as outras fronteiras normalmente são uma bagunça em que só depois de todo o processo sabemos que entramos no outro país.
O processamento de saída de El Salvador foi tranquilo, apenas um pouco burocrático: quando se chega à fronteira um policial verifica a documentação (principalmente a autorização da moto), leva uns bons minutos olhando os papéis e ainda confabulando com alguém pelo rádio, para dizer que está tudo em ordem e que podemos começar os trâmites.
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Jardim da pousada |
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Calçamento diferente |
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Ruta de las Flores |
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Pronto, mais uma fronteira |
Terminada essa etapa passamos a cancela de um lado da ponte e atravessamos para a Guatemala. Como dissemos, foi prático sabermos com certeza que saíramos de San Salvador e entráramos na Guatemala. Imigração (passaportes) sem problemas, inclusive com pouquíssima gente e em seguida fui para a aduana.
Primeira pergunta da funcionária: onde está sua autorização de trânsito de El Salvador?
- Ficou lá. uaí!
- Mas você não tem nenhum documento de lá?
- Não!
Confabulação interna e pediram os documentos usuais: passaporte, título de propriedade e licenciamento da moto e habilitação. Da mesma maneira que em El Salvador, fizeram as cópias necessárias 'lá dentro'. De forma diferente de El Salvador, tivemos que pagar por essas cópias... Aliás, essa parte foi hilária: bem na frente dos olhos, no guichê onde fizemos os trâmites, havia um aviso informando que esses trâmites não têm custo. E logo ao lado há uma tabela de preços dos mesmos.
Optamos por não chamar a atenção deles para o paradoxo para evitar problemas! Bem, pagamos os Q 160,00 (primeiro país que não aceita dólares) e recebemos os documentos de importação temporária da moto: um adesivo na bolha e um papel - parece que o realmente importante é o adesivo.
Detalhe: tínhamos que ter quetzales para pagar as taxas, mas não há banco nem agência de câmbio para obtê-los. Por indicação do próprio funcionário da aduana trocamos dólares num cambista - isso é o que não falta em todas as fronteiras - para resolver essa questão.
Foi a passagem de fronteira mais rápida até agora: uma hora. E tocamos para Antigua - na realidade para a cidade de Guatemala e depois Antigua. É um trecho curto, como de costume feito longo pelas curvas e problemas de pavimentação da estrada. Em Cuilapa demos uma parada para descansar e nos orientarmos, e como resposta a nossas perguntas um local nos deu de presente seu mapa - ele está meio velhinho e estava na hora de ser reposto, mas foi um maravilhoso presente mesmo assim. Agora sabíamos onde estávamos e para onde ir.
Seguimos em frente, a estrada logo melhorou muito (proximidade de capital faz essas coisas) e entramos em Guatemala. Nunca pensamos que faríamos uma revisão de nossos comentários sobre a poluição gerada pelos carros venezuelanos, mas fizemos: em Guatemala a coisa consegue ser pior. Talvez porque haja mais veículos a diesel, que parecem fazer da ruptura do lacre do injetor uma questão de honra. As nuvens de fumaça preta que as picapes, vans e ônibus de todos os tamanhos produzem são assustadoras.
Fomos avançando, perguntando uma ou duas vezes pelo caminho (fácil, a travessia é quase em linha reta) quando vimos a autorizada BMW à nossa direita. Desde o Panamá estávamos cismados e um pouco preocupados: a lavagem que haviam feito lá fora muito superficial, e havia um ou dois pontos de ferrugem em parafusos da moto. Demos uma parada, conversamos um pouco e agendamos uma lavagem mais profunda (aliás eles a chamam de llavado profundo) para o dia seguinte.
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Passamos por muitos deles |
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Ah, isto é um túmulo! |
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Chegando à cidade... |
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...de Guatemala |
Tocamos para Antigua, no meio daquela nuvem de poluição sufocante, e ainda tivemos que enfrentar um percalço: começou a chover. Isso em sí não deveria ser grande problema, mas depois de pararmos para vestir a roupa de chuva partimos de novo bastante preocupados com o estado da pista: havia um número grande de candidatos para deixar rastros de óleo no chão. E ao chegar em Antigua ainda tivemos que nos haver com ruas calçadas de pedras irregulares, que molhadas realmente davam medo de pilotar ali. Inclusive, na hora de ir para o estacionamento do hotel quase tomei um chão: virei uma esquina, no meio de trânsito, e dei de cara com um cano, bem escorregadio devido à chuva, bem no meio da rua. Foi por pouco - só deu para segurar porque estava sozinho.
Tínhamos o nome de um hotel, mas com a confusão da chuva e a sinalização precária das ruas da cidade (todas têm números, mas também têm nomes. As placas, quando existem, mostram às vezes o nome, às vezes o número) não conseguíamos achar o danado. Depois de uns vinte minutos perguntando e não obtendo respostas que nos ajudassem perguntamos pelo segundo hotel da lista. Esse foi fácil de achar: todos o conheciam.
Chegamos ao hotel e imediatamente vimos que ele seria mais caro que o pretendido: desde a Nicarágua estávamos conseguindo hotéis que permitiam baixar o custo diário da viagem para bem menos que US$ 100,00, algo importante para compensar os custos mais altos que teremos nos EUA e no Canadá.
Ou seja, o hotel não era caro para padrões brasileiros, mas era caro na Guatemala. Mas, cansados da viagem e de lutar com aquele calçamento molhado de Antigua., vocês recusariam pagar R$ 110,00 pelo quarto das fotos ao lado?? Simplesmente não deu para resistir, e passamos as três melhores noites da viagem em Antigua! E para completar fomos jantar num restaurante próximo do hotel onde comemos muito bem, pratos simples mas feitos com muito refinamento e cuidado. Um contraste brutal com nossa refeição do dia anterior em Juayúa.