Destino Alasca

Sexta-feira: Santa Maria - San Diego

01.07.2011

 
Viagem muito bonita, pois as cidades já vão se americanizando, apresentam mais opulência e riqueza. Muitos condomínios, muitas marinas… coisa de cinema!

Mas o mais bonito mesmo é a beleza do litoral, pelo relevo! Mas apesar da proximidade da costa, foi uma viagem com o clima muito quente - estranho, foi a única vez até agora que rodamos perto da costa com pouco vento frio. O trecho mais bonito é a costa entre Ensenada e Tijuana!

Chegar em Tijuana é uma loucura, pois a cidade é grande, com muito trânsito para tudo quanto é lado e principalmente para os Estados Unidos - já havíamos esquecido como é uma cidade grande; a última havia sido a cidade do México.

Pelicanos em expedição de caça  
Vejam o traje do pessoal na praia  
Ih, complicou!  
Praia ótima... só para os olhos  













Logicamente precisamos perguntar onde era a fronteira e fomos para lá. E isso se tornou uma grande história. Para começar, quem disse que é difícil entrar nos EUA? Nós entramos só mostrando nossos passaportes e nada mais - sem carimbo, sem formulário,...

Começando um pouco antes: a fronteira de Tijuana com San Diego é uma coisa de louco: há pelo menos três ruas/avenidas, com pelo menos três faixas cada, que levam a ela, e os carros formam filas quilométricas (não é exagero) e vão convergindo para a estação de controle dos EUA. Ficamos apavorados com a idéia de passar provavelmente mais de hora nessa fila, mas dessa parte fomos salvos por um mexicano que trabalha numa revendedora Honda de Tijuana (portanto motociclista): perguntamos se estávamos no lugar certo e ele disse que sim, mas que poderíamos ir cortando entre os carros e inclusive saltando de uma faixa para outra até chegar ao posto de controle. Acrescentou que isso era prática comum.

Costa entre Ensenada e Tijuana   
Costa entre Ensenada e Tijuana   
Viveiro de frutos do mar  
Mais um pouquinho da costa  













Fomos avançando desse jeito, meio ressabiados e limitados pela largura da moto com as malas, mas logo vimos que realmente era isso que todos os motociclistas faziam. O posto de fronteira propriamente dito é uma construção que quando nos aproximamos lembra um pedágio: umas quinze guaritas com um oficial de imigração dos EUA em cada uma. Por algum acordo entre EUA e México, não há absolutamente nenhum controle mexicano na passagem do México para os EUA.

Quando chegou nossa vez a Beth entregou nossos passaportes ao oficial, ele os olhou, olhou a placa da moto, perguntou de onde era aquela placa e se havíamos comprado algo no México e disse que podíamos seguir. Fomos em frente, pensando que aquilo havia sido algum tipo de verificação preliminar e que agora passaríamos pela imigração e aduana propriamente ditas. Andamos uns cem metros e de repente aparece uma daquelas placas verdes típicas de estradas americanas, apontando San Ysidro Blvd. para a direita e rodovia I5 para a esquerda.

Paramos a moto ali mesmo, e ficamos totalmente perdidos: aquela sinalização só podia significar que já estávamos dentro dos EUA! E não tínhamos nenhum carimbo nos passaportes ou qualquer registro de que entráramos no país. Estávamos numa curva perigosa, demos um jeito de levar a moto para o outro lado da rua, atravessando as cinco faixas de rolamento, e pará-la em local proibido, atravessada quase no sentido contrário do fluxo de tráfego e com o pisca-alerta ligado. Estávamos confabulando para ver o que fazer quando a Beth percebeu que havia um policial atrás de uma cerca nos observando - claro, nossa atitude era mais que estranha (evitando dizer logo suspeita) e aquela moto parada totalmente errado completava a cena.

Atravessei a rua e comecei a explicar a situação para ele, começando por perguntar se estávamos nos EUA. O "sim" de resposta foi cheio de estranheza: afinal como é que não tínhamos certeza disso! Estava difícil fazê-lo entender qual era nosso problema - provavelmente ele estava vendo algo inédito - pelo menos para ele. No fim ele disse que esperássemos junto à moto que ele viria até nós. Realmente veio, com viatura oficial e acompanhado do seu parceiro.

Mostramos nossos passaportes, explicamos que tínhamos experiência de entrada nos EUA e sabíamos que não era assim sem mais nem menos que se fazia isso e queríamos corrigir o erro antes de termos problemas muito maiores. Eles entenderam o que se passava, conversaram entre si e por rádio com alguém 'de dentro' e no fim pararam o trânsito de saída do posto de fronteira para que pudéssemos retornar na contra-mão e entrar por um portão que foi aberto para nós e dessa forma chegar à área onde deveríamos ter estado desde o começo.

Essa área é um recinto da aduana para onde são enviados carros que o oficial lá no 'pedágio' considera que devem ser revistados em mais detalhe e, compreendemos agora, viajantes como nós, que precisam receber o visto de permanência nos EUA como turistas. Resumindo, o oficial que nos deixou passar pisou solenemente no tomate, e pelo menos duas vezes o pessoal nos perguntou se não lembrávamos por qual estação passáramos - eles deviam estar doidos para identificar o oficial, que certamente teria sérios aborrecimentos por ter nos deixado passar daquele jeito.

Pelicanos em expedição de caça  
Bem, levou algum tempo mas finalmente tivemos nossos passaportes devidamente carimbados e nossa entrada registrada no sistema de imigração dos EUA. Curiosamente - e perguntamos a umas três pessoas para ter certeza - a moto não tem nenhuma importância. Não é necessário fazer importação temporária nem nenhum outro tipo de documento. Agora estávamos prontos para entrar formalmente nos EUA, mas não podíamos sair daquele recinto da aduana: quem entra ali recebe do oficial do 'pedágio' um papel laranja que é carimbado pelos oficiais da aduana e tem que ser apresentado a um controle na saída do recinto. E, claro, nós não tínhamos o tal papel laranja. Eles levaram mais tempo para produzir o tal papelucho que para todo o resto do procedimento, mas finalmente também isso foi resolvido e pudemos sair para os EUA.

Já tínhamos uma idéia de onde procurar hotel e tratamos de fazer isso antes que escurecesse completamente. No fim acabamos ficando em outra área que vimos da estrada mas que foi tranquila também. Acabou? Naninaninão!!! Quem leu a descrição de nossa entrada no México vai lembrar que deixamos US$ 400,00 de depósito para importação temporária da moto. E agora estávamos nos EUA sem ter realmente saído do México: tínhamos que voltar lá para 'sair'. Mas calma, isso é para outro dia.
 
 
 
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