Destino Alasca

Terça e quarta-feira: Prince Rupert - Juneau

26 e 27.07.2011

 
Acordamos tarde, e fomos saudados pelo mesmo tempo chuvoso da noite anterior. Fomos tomar o café da manhã e comprar algumas coisas no supermercado para não ficar inteiramente dependentes do ferry na viagem de continuação e voltamos para o hotel.

Trabalhamos um pouco no site, pesquisamos algumas coisas para fins de planejamento e saímos lá pelas 14h00 - tínhamos que estar no terminal às 15h00 e queríamos dar uma voltinha pela cidade antes disso. A cidade é quase tão pequena quanto Port Hardy, e não dá para gastar muito tempo rodando por ela.

Mas é uma cidade economicamente bastante ativa: já tinha uma indústria pesqueira razoávelmente grande, e de um tempo para cá tornou-se ponto de entrada de containers, vindos principalmente da China. Nota-se inclusive uma presença chinesa muito grande entre a população.

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Dando uma volta por Prince Rupert  
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Um veleiro diferente  
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Chegando ao terminal do ferry  
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Na fila de embarque  













Chegamos`pontualmente às 15h00 ao terminal, e já havia pelo menos uns quarenta veículos lá. Como esse pessoal aqui é pontual! O procedimento de check-in foi mais uma manifestação da monotonia geral que é viajar por aqui: tudo funciona, ninguém perde sua reserva, não ocorrem grandes imprevistos, nem pedem mais assinatura em compra com cartões de crédito (essa parte é meio assustadora! E só acontece algumas vezes)...

A imigração nos EUA´já é feita em Prince Rupert: trâmite tranquilo, com controle mais firme somente para frutas: na nossa frente um carro teve que deixar suas laranjas com o fiscal da alfândega. Nossas bananas e ameixas passaram sem problemas. Curiosamente nenhuma das motos do dia anterior estava lá, mas havia outras 'novas'. Mas os ciclistas eram os mesmos...

A empresa que opera esse ferry é estatal, Alaska Marine Highway System. O nome é sugestivo do papel que ela desempenha: estrada marítima (Marine Highway) é muito adequado, pois há um número muito grande de cidades no Alasca que têm carros, mas não têm ligação terrestre com o resto do estado. Então os ferrys da AMHS provêm essa 'estrada' de ligação entre as cidades!

Acreditamos também que por ser estatal ela ofereça preços bem mais atraentes que a BC Ferries: pagamos US$ 50,00 menos por essa viagem, com quase o dobro de duração e usando cabine para o pernoite, que não tivemos na outra. É verdade de o barco da AMHS é bem mais antigo e simples, mas mesmo assim a diferença é significativa.

O embarque da moto também foi bem diferente: um funcionário do barco indicou onde deveríamos parar - grudados numa parede na proa do barco - e indicou umas cordas que havia jogadas lá dizendo "podem usar essas cordas para amarrar a moto nesse cano aí". 'Esse cano aí' era parte da canalização do navio que corria ao longo da parede junto à qual estacionáramos a moto.

Felizmente (e finalmente) pudemos utlizar as correias com catraca que havíamos trazido do Brasil - pelo menos não tive que brigar para dar nós nas cordas, algo de que não entendo absolutamente nada.

A cabine e todas as instalações são simples mas perfeitamente satisfatórias. Os colchões são bons, o chuveiro muito bom, e havia espaço na cabine para os dois nos movimentarmos sem tropeçar um no outro. Além das cabines há um salão com cadeiras reclináveis para quem não reservou cabine, mas bem pouco confortáveis para uma noite inteira.

E, no alto do ferry há um solário com espreguiçadeiras e fechado com vidro de dois lados e no frente com a parede dos banheiros, mas no fundo é aberto. Vimos que diversas pessoas dormiriam lá, pois trouxeram sacos de dormir, mantas e já estavam reservando as cadeiras. Há gente forte nesse mundo! Nós até queríamos ir lá novamente para ver como se ajeitaram, mas só de perceber o vento lá fora e ver esse céu cinza cheio de nuvens já sentíamos frio, ou a sensação dele.

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Terminal de ferry de Prince Rupert  
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Terminal de containers em Prince Rupert  
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Passageiros desembarcam  
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E um monte de gente vai para a barraquinha (???)  















Aliás, no salão da cafeteria havia um bendito 'soprador de ar' perto da janela, que não sabemos se é realmente ar condicionado ou se é, simplesmente, o ar bombeado lá fora - de qualquer forma estava dando para usar um agasalho dentro do navio.

Ah, e agora estamos com o fuso horário de cinco horas de diferença para o Brasil. E aí já ficamos em dúvida sobre o jantar: ele é servido das 18h00 às 21h00, mas como o relógio do barco já estava em horário do Alasca desde a partida (que foi às 18h00 horário de Prince Rupert, 17h00 no Alasca) suspeitamos que jantamos mais cedo que o necessário...

A viagem em si se demonstrou parecida com a anterior: o trajeto corre em canais internos, entre as inúmeras ilhas, de modo que não se pega mar mais revolto - com exceção daquelas três horas perto de Port Hardy o resto dos dois trechos da viagem é como se estivéssemos numa lagoa.

Esse ferry atende a diversas cidades, e a primeira parada foi durante a noite, em Ketchikan - deu para ouvir os ruídos característicos de desenbarque e embarque mas pouco atrapalhou o sono.

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Porto de Wrangell  
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Ilhota simpática  
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Só deu para pegar isso da baleia  
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Será que alguém senta nessa varanda - frio!  













O dia 27 amanheceu com chuva e choveu o dia inteiro, com variações de intensidade mas nunca parando. Podemos dizer que essa viagem é bonita, mas não foi aquilo que esperávamos: juntando os períodos de noite e aqueles em que a visibilidade era reduzidíssima, podemos computar pelo menos 70% do tempo total. Sobrou relativamente pouco para apreciar a paisagem...

Juntando a chuva com a neblina, o cenário lembra aqueles filmes de suspense, quando as pessoas estão indo para locais desconhecidos, numa aventura em que não sabem o que ocorrerá.

Logo de manhã houve outra parada, em Wrangell. Era permitido descer para dar uma volta na cidade, mas com chuva? Não são cidades tão fantasticamente atraentes para valer a pena. Tomamos um poderoso café da manhã: omelete de queijo, batatas assadas e pão preto tostado, suco de laranja, duas panquecas com amoras, café e chá, e mergulhamos no site - passamos o dia inteiro trabalhando nisso.

Bem, quase: lá pelo meio da tarde, depois de termos passado por Petersburg às 13h45, apareceram as baleias! Deu para ver muitas, às vezes só o jato de água, às vezes uma cauda dora d'água e uma ou duas vezes uma saltando fora d'água - para sermos honestos praticamente só se via a água que ela espirrava ao cair.

Ver é possível, fotografar é outra história. Até tentamos acompanhar uma que estava mais perto do barco, mas só deu para registrar isso aí do lado. DIficilmente material para concurso de fotografias!

Uma da coisas malucas de uma viagem dessas é como, quase que do nada, surge uma cidade numa ilha ou península, afastada de tudo, cujo acesso é feito somente por mar; é uma maneira especial de se viver. E achamos que os trabalhadores no Alasca devem ser impermeabilizados, pois ficam na chuva sem proteção alguma conversando muito alegres.

Aliás, primeiro aprendemos de um morador de Juneau que lá um dia sem chuva é considerado um dia bonito - não interessa se com ou sem sol, com ou sem neblina, a ausência de chuva já está muito bom. Extremamente animador para turistas.

E também aprendemos algo que achamos interessante: frequentemente ouvimos a expressão rainforest designando a floresta amazônica, e sempre pensamos que só florestas como ela fossem chamadas assim. Numa curta palestra de um membro do Serviço Florestal, ficamos sabendo que a floresta Tongass, que corre do norte do Canadá até a norte de Juneau, também é chamada assim. A diferença é que são florestas tropicais e temperadas, cada uma com suas características, mas as duas copiosamente regadas por chuvas.

Às 21h45 chegamos a Juneau, ainda com chuva, mas deu para chegar ao hotel só com os casacos de chuva - as calças não foram necessárias. Acabamos indo dormir quase às 2h00 da madrugada graças a uma desagradável (que acabou sendo muito agradável) surpresa no planejamento, mas isso contaremos amanhã.

 
 
 
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