Domingo: Cantwell - Fairbanks
07.08.2011
Acordamos e imediatamente ouvimos o barulho da chuva batendo no telhado da varanda. Bem, nossos planos de passeios em parque começavam a, literalmente, naufragar.
Não nos apressamos para levantar, mas quando o fizemos e pusemos o nariz para fora vimos que estava bem frio. Começamos a por as coisas na moto e o chuvisco aumentando até se tornar mais 'visível', com pingos não mais transparentes: estava nevando bem fraquinho. Mesmo sabendo o que isso significa, na hora não nos tocamos que a temperatura deveria estar realmente baixa!
Quando acabamos de guardar a bagagem a chuva tinha voltado a ser chuva. Montamos na moto e pensei que o computador ou o termômetro haviam pifado: o painel mostrava um 2 e um 0 piscando. Só depois de ins instantes me toquei que aquilo não era 20 mas sim 2,0, e que o número piscava para alertar para o perigo de congelamento da água na estrada!!! Saímos com muito cuidado, mas logo a temperatura subiu um grau, e ficamos um pouco mais tranquilos quanto ao risco de gelo.
Mas foi uma viagem desesperadora: a chuva continuou por mais de dois terços da viagem, e só depois que ela parou a temperatura chegou a 9ºC. Não sentíamos mais as mãos, e tivemos que parar em dois postos de gasolina para tentar aquecê-las. Estávamos usando três luvas: uma de algodãozinho, a de couro e uma de borracha. Dois motociclistas locais falaram que num dia como este o jeito é parar de hora em hora para se aquecer. E eles entendem, né?
E logo no trecho entre Cantwell e a entrada do Denali National Park fomos apresentados a vistas absolutamente fantásticas, montanhas bem altas, aparentemente quase na beira da pista, cobertas de neve. E a gente sem conseguir parar para olhar direito, nem pensar em fotografar... Vai ficar só a lembrança do quase susto provocado por aqueles gigantes lindos à nossa frente, que teremos que guardar com muito carinho na memória - é só o que temos. Ficamos imaginando o que não conseguimos ver...
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Como preparar a moto na chuva |
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E os pingos de chuva ficaram grandes e brancos |
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E os pingos de chuva ficaram grandes e brancos |
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Última moda de verão em Fairbanks |
Faltando uns 60 km para a chegada o sol começou a sair, quase que meio envergonhado por entre as nuvens cinzas, pesadas e só isso já deu uma esquentadinha: efeito psicológico, será? Chegamos com frio, mas com céu mais claro. Quando estávamos jantando o sol apareceu e o tempo ficou bem mais suportável. E no restaurante cinco garçonetes foram rapidamente para o lado de fora, um deck com vinte mesas, secar e arrumar tudo para receber possíveis clientes que ficariam a céu aberto, curtindo o sol com a temperatura de 12,5ºC.
Ah, os motociclistas que mencionamos acima estavam com uma BMW GS e uma VStrom. E já havíamos observado que por todo o Alasca se vê muito mais motos do tipo big trail ou mid trail que no resto dos EUA. Conversando sobre isso com eles, ficamos sabendo que não só isso é verdade - Alasca é um polo de atração para esse tipo de moticiclista - como também que em Anchorage há uma locadora especializada nesse tipo de motos, com uma frota muito grande. Então muitos dos que vimos provavelmente eram usuários dessas motos.
E já que estamos falando de veículos usados por viajantes, é inacredítável a quantidade e variedade de motor-homes e traillers que circulam por esses dois países. A maioria deles são muito grandes, e devem oferecer muito conforto. E eles não são baratos, não. Um motor-home médio-grande passa dos US$ 100.000,00!
E grande parte dos usuários de motor-homes maiores leva junto o carro (ou qualquer outro veículo que lhe seja importante) para passear nos lugares onde parar.