Terça-feira: Regina
23.08.2011
Antes de iniciarmos viagem passamos no Grand Prairie Museum Heritage. Não cansamos de admirar esse aspecto da preservação da história das comunidades aqui e nos EUA: uma cidade com pouco mais de 50 mil habitantes tem um museu daquele tipo. Mostra a história da cidade, como se desenvolveu a economia, e tem um museu a céu aberto com algumas casas originais (início do século XX), móveis, objetos, veículos... Parece que você está voltando no tempo.
Regina não é uma cidade que se possa chamar de turística. Chegamos a pensar em visitar um museu, mas acabamos passeando tranquilamente pelo centro da cidade.
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Fachada preservada dentro do shopping |
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Calçadão no centro da cidade |
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Victoria Park |
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...na praça |
Ventava tanto que o boné não ficava na cabeça - a gente deve se acostumar, mas para quem está de passagem chega a ser muito irritante. No almoço perguntamos à garçonete se era sempre assim e ela disse que hoje estava um pouco além do normal, mas que vento é normal por aqui. E no inverno? Ela disse que continua a ventar, e que temperaturas de -26ºC podem ser transformadas numa sensação térmica de -38ºC. Ai, ai. ai...
Andamos um pouco pelo centro e acabamos indo parar no Parque Victoria. A primeira sensação é de paz: pessoal passeando, sentado nos bancos, outros cruzando o parque rapidamente, provavelmente cuidando de afazeres profissionais.
Um contraste interessante é que procuramos um banco abrigado na sombra - com vento e tudo o sol queima de doer - enquanto que os locais vão se sentar diretamente no sol para pegar um pouco de radiação. Ficamos discutindo sobre isso, e concluímos que nós temos um problema muito diferente deles: o efeito do sol para doenças de pele, particularmente melanoma, é cumulativo (o sol de hoje soma-se ao de ontem e de anteontem), e por isso temos que tomar muito cuidado, pois tomamos muito sol durante muitos dias do ano. O pessoal aqui não tem esse problema: durante uma vida inteira eles provavelmente tomarão menos sol que nós em um par de anos.
Ficamos sentados num banco apreciando a natureza e comparando a praça com as nossas praças em São Paulo. Onde ficaríamos sentados num banco, num local com relativo movimento, com a máquina fotográfica, dinheiro, podendo até tirar uma sonequinha e ninguém para perturbar?
Quando estávamos para ir embora começou uma arrumação de cenários e jovens, crianças, adultos vestidos com roupas diferentes. Ficamos curiosos e esperamos para ver o que iria acontecer. Era uma apresentação muito criativa: cada pessoa ou grupo escolheu uma cena (pintura, gravura de livro, etc.) e montou essa cena ao vivo no parque. Ao lado de cada um havia um cavalete com a fotografia da cena em questão para que se pudesse comparar e avaliar quão fidedigna era a representação. E quem quisesse poderia votar em qual achasse melhor apresentado.
Enquanto esperávamos para ver o que daria o espetáculo acima achamos um restaurante na praça do parque para almoçar. Com nossos horários estranhos de almojantar é muito comum sermos os únicos no restaurante. Nesse caso aconteceu algo engraçado: entramos numa espécie de deck que faz a frente do restaurante, e lá havia algumas pessoas sentadas bebendo - pensamos que aquela parte fosse um bar. Vimos uma porta aberta ao lado e entramos por ela. Sem dúvida era o salão do restaurante, mas não víamos ninguém para nos atender. Só depois de irmos até o fundo do salão fomos vistos pelo proprietário, que estava sentado numa área privada do restaurante e chamou a garçonete para nos servir.
Ainda bem que aqui existe o costume de se ser conduzido à mesa por uma recepcionista, que era o que estávamos procurando. No Brasil teríamos sentado a uma mesa e provavelmente esperado até nos irritarmos e irmos embora...
Aproveitando, um comentário sobre o procedimento dos atendentes em restaurantes. Depois de você pedir a refeição e ser servido, o atendente vem e pergunta se está tudo certo e se você deseja mais alguma coisa - isso enquanto você ainda está comendo! Caso você diga que não, minutos depois ele/a já traz a conta, dizendo que pode-se ficar a vontade, o tempo que quiser e que depois traz a máquina do cartão.
Já concluímos que esse procedimento é uma forma de diferenciar restaurantes 'comuns' de outros um pouco mais refinados: só nesses últimos eles esperam que se termine de comer para vir perguntar se se deseja uma sobremesa ou café e só depois da negativa trazem a conta - sem que tenhamos pedido; essa parte parece ser imutável.