Viagem pelo Mar Negro

14 de maio de 2011

 
Como diria Roberto Carlos, "são tantas emoções....

É sempre igual, planejamos uma viagem durante meses, começamos a separar o material uma semana antes para ter certeza que não esquecemos nada e, no fim, algo acontece e acabamos por fazer as malas na correria só para nos darmos conta no dia seguinte, já em viagem, que, mais uma vez, trouxemos bagagem demais!

Esta viagem que se iniciou para mim há dois dias, deve durar 24. Quando viajo com minha mulher, completamos nossa bagagem para três semanas e levamos tudo o que precisamos. Nesta oportunidade, viajo só, minha parceira por problemas de agenda, não pode me acompanhar.

O curioso é que, mesmo em solo na moto, enchi completamente as três valises e a bolsa de tanque... Algo não está certo.

Saí de casa no final da tarde do dia 12 e, após passar em Paris para despedir-me de minha filha, fiz 500 km, indo pernoitar em uma belíssima pequena cidade na Burgonha. Se chama Beaune (se pronuncia "bône").

Alí, encontrei uma combinação deliciosa de história e arquitetura e vinhos.

Nessa região se produz o côtes de Beaune, um vinho delicioso que apreciado acompanhado de frios e queijo faz qualquer motociclista em sua primeira noite de viagem, a criatura mais feliz do mundo. Saí cedo no dia seguinte em direção aos Alpes que atravessei em um belíssimo dia de sol e temperaturas entre 18 e 22 graus. O que eu chamo um dia perfeito.

Escolhi pequenas estradas pois tinha aguentado 500 km de autoestrada no dia anterior. Com meu Ipod ilustrando musicalmente meus ouvidos, fui passando por paisagens de cinema ao mesmo tempo em que mentalmente verificava se tinha esquecido alguma coisa. Tenho esse tipo de preocupação recorrente nos primeiros dias de cada viagem.

Bem, não só não esqueci nada, como trouxe em demasia, o que já comentei. Cruzei a fronteira para a Itália em Sestriere, depois de uma rápida visita a cidade fortificada de Briançon. Suas muralhas defensivas foram projetadas por Vauban, o grande arquiteto militar francês do século XVIII.

Os alpes Italianos se parecem aos Alpes franceses mas com o sol do outro lado e motoristas muito mais perigosos. A linha central da pista nas curvas, para eles, é uma vaga referência.

A título de curiosidade: para quem quer viajar de moto no velho continente, os dois países onde os motoristas são mais agressivos com as motos são Portugal e Itália.

Meu destino nesse dia seria uma cidade de nome muito fácil para quem quer programar seu GPS em vôo:
BRA.

Ali mora um amigo motociclista, Rino, que se juntará a mim em Tiblissi, daqui a uns dias en junto com 4 outros parceiros italianos faremos a volta ao Mar Negro. Rino organizou um jantar em sua casa com os amigos e a noite se encerrou regada de bom vinho e uns raviolis feitos por um mestre.

Noite curta como coice de porco, como se diz no meu Rio Grande. Levantei-me às 4:30 da manha para percorrer os 600 km que me separavam de Ancona, na costa adriática italiana, onde estou agora, esperando para tomar, ao meio dia, o navio que me levará à Igoumenitsa, na Grécia, a caminho da Turquia e do Cáucaso.

O sol me acompanha, a moto responde à perfeição e me sinto tranquilo e com vontade de conhecer.

1600 km já se passaram em apenas dois dias. O descanso nas 18 horas que dura a travessia do ferry para a Grécia será muito bem vindo
 
 
 
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