De Trabzon, Turquia para Batumi, Geórgia
20 de Maio de 2011
Como teríamos uma etapa mais curta no dia de hoje, depois de nos presentearmos com um hotel 5 estrelas por um preço de 3, utilizamos a manhã de sol em Trabzon, cidade absolutamente dinâmica e intensa com muita gente nas ruas em função do feriadão de 4 dias, para tentar organizarmos os bilhetes do ferry que tomaremos para a Rússia no retorno da Geórgia e da Armênia.
A Geórgia teve uma pequena guerrinha com seu vizinho gigante pela independência da Ossétia, uma província ao norte do país. Em função disso, não há relações diplomáticas entre a Geórgia e a Rússia. Assim como tampouco há relações diplomáticas entre a Armênia e a Turquia. Para completar o quadro neste pequeno mundo da geopolítica, a Armênia tem uma bronca com o Azerbaijão, seu vizinho.
Aí, planejar uma viagem de moto nesta região torna-se tanto quanto como um quebra-cabeça.
A solução foi ir da Turquia para a Geórgia, onde estamos agora, daqui para a Armênia e da Armênia, retornar pela Geórgia para a Turquia para ir dali, por navio em 12 horas, para a Rússia.
O Azerbaijão a gente esquece porque o povo ali não é muito freqüentável.Voltando ao assunto do ferry para a Rússia, estive durante meses procurando por um contato para saber as freqüências desse navio para poder programar o “quebra-cabeça” descrito acima.
Procurei na net, telefonei para os portos em questão, Trebzon e Sochi na Rússia onde tive sempre problemas de idioma, o povo por aqui só fala Turco ou Russo, e até utilizei contatos profissionais na Turquia para tentar saber algo. Nada.
Finalmente consegui uma pessoa em Trabzon que se dispôs a “ajudar” e fomos ao escritório da companhia de navegação que faz o trajeto.
Infelizmente, não conseguimos comprar as passagens, mas pudemos reservar para as seis motos e as nove pessoas que estarão embarcando para Sochi no dia 27 de Maio.
Três de nossos amigos italianos estão viajando com suas esposas.
Queríamos comprar as passagens mas, pelo fato que estaremos saindo da Turquia para retornar, a burocracia na documentação da moto impede que o bilhete seja emitido agora.
Lamentavelmente teremos que confiar na palavra do diretor da companhia marítima e nos apresentar, com as motos no dia do embarque esperando que tudo corra bem.
Outro motivo de preocupação é o fato de que o visto de entrada na Rússia para brasileiros foi retirado. Não é mais necessário mas, a pergunta que não quer calar é:
E o pessoal ali em Sochi sabe disso?
Acho que vou poder responder a esta pergunta exatamente daqui a uma semana.
Se vocês tiverem paciência de continuar lendo estes relatos até lá, vão ficar sabendo.
Pegamos a estrada em torno das 13 hs.
Boa pista com duas faixas, sempre acompanhando a bela costa do Mar Negro e sempre em direção ao leste, tínhamos boa temperatura e sol. As motos funcionando bem, apesar de já estarem bastante sujas em função dos trechos de estrada de terra que tivemos que percorrer devido a vários desvios na construção de novas estradas na Turquia, o ar fresco do mar batendo no rosto. Tudo era felicidade!
A quarenta kms de Sarp, cidade fronteiriça entre a Turquia e a Geórgia fomos apanhados por um radar da polícia turca a 110 km /h, quando segundo eles, o limite seria de 90 km/h.
Sem conversa nem choro. Foram 140 liras turcas por moto, o equivalente a uns 150 reais a serem pagos na passagem de fronteira.
2000 kms pela Turquia e a gente acaba engolindo uma multa nos últimos 40?
Nada a fazer, acho que em cada grande viagem que tenho feito recebo uma multa. Se tivesse guardado todas elas, dariam um belo painel de recordações. Já imaginaram um mapa-mundi feito de multas de muitos países, alguns tão exóticos quanto o Irã, a Ucrânia e a Bolívia.... É mole?
A passagem de fronteira desta vez foi bem mais musculosa.
Do jeito que a gente espera nestes países de fundo de quintal. Caminhoneiros empurrando o caminhão pra cima de você, a moto furando a fila dos caminhoneiros e aquela fila multifacetada em que você se utiliza de seu 1,92 m para poder abrir espaço até o guichê do policial que, a esta altura está profundamente irritado e pega seu passaporte má vontade, sem olhar na tua cara, passaporte Brasileiro, provavelmente o único a passar jamais por ali.
Aí, ele olha pro passaporte, olha para mim, dá um sorriso e diz:
Braziiiiiiiiilllll, lará, lará, lará, lara.......
E canta a Aquarela do Brasil na frente daquela dezena de caminhoneiros com sensibilidade de patrola.
Só pude rir, né.
Aí ele disse: Brazil! Roberto Carlos!
O nosso querido futebolista é um ídolo por aqui.
Do lado da Geórgia as coisas foram bem mais organizadas e ao contrario da Turquia onde você é obrigado a freqüentar 4 ou 5 guichês diferentes, a Geórgia faz tudo com uma pessoa só e um agente confere logo em seguida.
Welcome to Geórgia, diz o policial. Happy to be here, digo eu.
Nosso destino Batumi, estava a apenas 20 kms que foram compartidos com vários rebanhos de vacas..... Mas isso é a Geórgia, amanhã eu conto mais!