ZEN E O MOTOCICLISMO
Robert M. Pirsig, filosofo, escreveu o livro, “Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas”, editado em 1974.
O livro é instigante e complexo.
Traz a narrativa de uma viagem que foi muito além da mera observação de paisagens e pode ser considerada sob diferentes aspectos.
Há muitos textos relacionados ao motociclismo, mas não lembro de outro que esteja relacionado ao Zen de forma tão direta.
Pensar sobre este tema é um exercício muito interessante e o faço como garupa, como alguém que aprecia viajar.
Zen é uma parte do Budismo e como cultura oriental é algo complexo de ser compreendido pelos ocidentais e algumas vezes, pode ser entendido de modo equivocado e/ou simplificado.
Buscando na Internet alguma definição do que não deve ser definido, gostei desta:
“
Zen significa meditar sobre o verdadeiro aspecto das coisas e discerni-las, mantendo, para isso, a máxima tranquilidade de espírito”.
Os valores e a conduta, inevitavelmente nos denunciam, ou seja, nossa natureza nem sempre é civilizada e manter a máxima tranquilidade de espirito pode ser algo bem difícil.
O que somos é apresentado de diferentes formas em distintas ocasiões.
Como diz uma musica popular: “...Vou começar pela melhor metade...
A outra é defeito. Você vai saber de qualquer jeito...”
Em uma viagem longa temos a oportunidade de nos mostrar e/ou nos conhecer melhor.
Viajar em grupo pode ser uma cilada?
Creio que motociclismo e Zen tem tudo a ver por conta destes encontros e desencontros.
A viagem de moto é algo completamente diferente de qualquer outra viagem A começar pelo exíguo espaço a ser ocupado e pela alta vulnerabilidade como meio de transporte.
Apesar disto, é naquele momento em que o piloto sozinho ou não, concentrado na organização do roteiro, do que levar, na ação de pilotar, sincronizado com a moto, escutando o motor, observando a paisagem e integrado a ela, reflete sobre algum tema de sua vida, a viagem em si ou nada, esvaziando sua mente.
É fato que motociclistas não costumam isolar-se, ao contrário, por onde andam estabelecem relacionamentos.
O relacionamento social é um dos aspectos mais importantes e necessários do homem e também, o mais difícil.
Gosto da estória sobre os porcos espinhos que; para manterem-se aquecidos, buscam uma distancia saudável para não machucarem-se entre si.
O relacionamento social deveria começar pelo dialogo interno, pela viagem interior, pelo conhecimento.
Concluo com um pensamento que aprecio muito:
"Existe uma única estrada e somente uma, e essa é a estrada que eu amo. Eu a escolhi. Quando trilho nessa estrada, as esperanças brotam, e, o sorriso se abre em meu rosto. Dessa estrada nunca, jamais fugirei" (Daisaku Ikeda)Creio que esta é uma ideia e um desafio.
Raquel Trindade