Perseguindo o Amanhecer - Ricardo Lugris
31/07/2015 - Em direção ao sul da Polônia
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- Mas não é muito chato viajar sozinho?
No dia de ontem percorri toda a extensão da República Checa de Oeste a Leste.
Conhecia pouco do interior desse belo país, povoado por gente amável e doce no trato.
Ontem foi um dia em que a teoria do "Viajar sozinho é bom" mostrou - se verdadeira.
Amanheci em um vilarejo de montanha, em uma região cuja disputa territorial e étnica levou a anexação da Checoslováquia pelos alemães e deu início à Segunda Guerra Mundial.
Fiquei em um agradável apartamento em uma pensão, com jantar e café-da-manhã, por 33 euros, nada mal.
Fui abordado gentilmente por um casal que me perguntava se era Paulo Coelho.... Disseram que eu me parecia com ele. Não no talento, respondi prontamente.
A dona da Penzion, insistia em conversar comigo em alemão ao longo da refeição.
Peguei a estrada para fazer uma visita curta à maravilhosa Praga e sua incontornável Ponte Charles.
Uma vez ali, sentado junto a uma de suas estátuas, estabeleci uma deliciosa conversa com Bernard, um francês aposentado de Dunquerque, em visita a Praga por uma semana. Trocamos impressões e comentários cáusticos sobre os novos e desagradáveis hábitos dos turistas de hoje, como por exemplo, colocar cadeados fechados em qualquer monumento que encontram pela frente...
O principal alvo desse novo costume, a Ponte das Artes em Paris, já teve sua mureta derrubada pelo peso desses objetos.
A prefeitura agora está colocando mureta de vidro.... Quem sabe os turistas vão agora colar os ridiculos com superbonder para atestar seu amor.
Ainda em Praga, enquanto tomava um cafezinho, conversei com uma senhora austríaca, Angélica, que viajava acompanhada de seu cachorrinho.
Curiosa, ela, em relação à minha bagagem para esses meses de viagem.
Deixei a bela capital checa, uma das cidades mais lindas da Europa, para visitar Hradec Kralové, uma jóia de arquitetura barroca.
Ali, ao chegar à magnífica praça tipicamente Austro-Húngara, rodeada de terraços e cafés, há dois jovens almoçando que me fazem um gesto de "positivo" quando estaciono a moto.
Ao chegar mais perto, Svein e Pietr me convidam para almoçar com eles depois de colocar um par de perguntas sobre minha viagem.
Agradeço, pois já tinha almoçado, mas aceito sentar - me com eles e curtir um copo de uma das melhores cervejas do mundo, a Pilsner (de Pilsen, perto de Praga) Urquell.
Fico sabendo que meus dois novos amigos são estudantes de medicina no 5o.ano e "bons vivants" em germe....
Em resumo, passamos uma hora muito divertida.
Dei a eles algumas dicas de almanaque de como viver a vida...Acho que tenho credenciais para isso.....haha!
Percorri o resto da tarde por estradas da Morávia em direção ao sul da Polônia.
Tentei hospedarme em Ostrava mas o aspecto horroroso dessa cidade industrial com ares Soviéticos não convidou - me mesmo a ser turista ali.
Cruzei a fronteira e encontrei uma belíssima cidadezinha de nome impronunciável, Pszcyna (parece mais código de Wifi) onde encontrei um hôtel de preço mais do que correto. Fui jantar e, na mesa ao lado....bem, repetiram- se as histórias acima.
Como diz um amigo, Cláudio Giacosa, "a moto premia".
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